domingo, 2 de outubro de 2011

Flamenco - Un Ritmo Caliente

Chegamos a Sevilha. No coração da cidade, há séculos está guardado um patrimônio da humanidade. Atrás das muralhas há um tesouro precioso, único e muito antigo, feito de sons, de ritmo e de movimento. É o flamenco. E o flamenco não é apenas uma dança. É a própria alma da Andaluzia. É o orgulho no peito de todos os espanhóis.  O flamenco tem muitas faces, muitas mãos e muitos ombros. Ou seja, não é somente a atitude de ser sensual, mas também de batalha, como o teatro.
As peñas flamencas são lugares pequenos, onde rodas de amigos se reúnem para cantar, às vezes, um canto triste, um lamento. As peñas são a essência do flamenco, um jeito de viver as tradições no dia a dia, naturalmente, dando as mãos entre passado, presente e futuro, unindo gerações e encantando o mundo todo. O flamenco é a música e a dança espanhola cujas origens remontam às culturas cigana e mourisca, com influência de árabes e judeus. A cultura do flamenco é associada principalmente à região da Andaluzia na Espanha, e tornou-se um dos símbolos da cultura espanhola.
O "novo flamenco" é uma variação recente do flamenco que sofreu influências da música moderna, como a rumba, a Salsa, o pop, o rock e o jazz.Originalmente, o flamenco consistia apenas de canto (cante) sem acompanhamento. Depois começou a ser acompanhado por guitarra (toque), palmas, sapateado e dança (baile). O "toque" e o "baile" podem também aparecer sem o "cante", embora o canto permaneça no coração da tradição do flamenco. Mais recentemente outros instrumentos como o "cajón" (ou adufe, em português uma caixa de madeira usada como percussão) e as castanholas foram também introduzidos.
Muitos dos detalhes do desenvolvimento do flamenco foram perdidos na história da Espanha e existem várias razões para essa falta de evidências históricas:Os tempos turbulentos dos povos envolvidos na cultura do flamenco. Os mouros, os ciganos e os judeus foram todos perseguidos pela inquisição espanhola em diversos tempos. Os ciganos possuíam principalmente uma cultura oral. As suas músicas eram passadas às novas gerações através de actuações em comunidade. O flamenco não foi considerado uma forma de arte, sobre a qual valesse a pena escrever durante muito tempo. Durante a sua existência, o flamenco esteve dentro e fora de moda por diversas vezes. Granada, o último reduto dos mouros, caiu em 1492, quando os exércitos de Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela (os reis católicos) reconquistaram esta cidade após cerca de 800 anos de domínio muçulmano. O Tratado de Granada (1491) foi assinado para assegurar as bases da tolerância religiosa, conseguindo com isso que os muçulmanos se rendessem pacificamente. Durante alguns anos existiu uma tensa calma em Granada e à sua volta, no entanto, à inquisição não lhe agradava a tolerância religiosa relativamente aos judeus e aos muçulmanos e conseguiu convencer Fernando e Isabel a quebrarem o tratado e a forçar os judeus e os mouros a converterem-se ao cristianismo ou deixarem a Espanha de vez. Em 1499, cerca de 50.000 mouros foram coagidos a tomar parte de um batismo em massa. Durante a rebelião que se seguiu, as pessoas que recusaram batizar-se ou serem deportadas para África, foram pura e simplesmente eliminadas. Como consequência desta situação, assistiu-se à fuga de mouros, ciganos e judeus para as montanhas e regiões rurais.
Foi nesta situação social e economicamente difícil que as culturas musicais de judeus, ciganos e mouros começaram a fundir-se no que se tornaria a forma básica do flamenco: o estilo de cantar dos mouros, que expressava a sua vida difícil na Andaluzia, as diferentes "compas" (estilos rítmicos), palmas ritmadas e movimentos de dança básicos. Muitas das músicas flamencas aindas reflectem o espírito desesperado, a luta, a esperança, o orgulho e as festas nocturnas durante essa época. Música mais recente de outras regiões de Espanha, influenciaram e foram influenciadas pelo estilo tradicional do flamenco.

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