quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Colonização Alemã no Rio Grande do Sul

A colonização alemã no Rio Grande do Sul foi motivada pela necessidade de povoar o sul do Brasil, garantindo a posse do território, ameaçada pelos vizinhos castelhanos. Além disso outro objetivo da busca de alemães era recrutar soldados mercenários para reforçar o exército do Brasil recém independente. O governo brasileiro, convencido dos benefícios da imigração, enviou em 1822 à Europa o major Georg Anton von Schäffer para de recrutar interessados em emigrarem para o Brasil. Para convencer os interessados, o governo brasileiro acenou com uma série de vantagens:  1.Passagem à custa do governo;  2.Concessão gratuita de um lote de terra de 78 hectares;  3.Subsidio diário de um franco ou 160 réis a cada colono no primeiro ano e metade no segundo;  4.Certa quantidade de bois, vacas, cavalos, porcos e galinhas, na porção do numero de pessoas de cada família; Em 18 de julho de 1824 chegou a Porto Alegre a primeira leva de 39 imigrantes alemães, depois de passarem pelo Rio de Janeiro, onde eram recebidos e distribuídos pelo Monsenhor Miranda. Foram então enviados para a desativada Real Feitoria do Linho Cânhamo, localizada à margem esquerda do Rio dos Sinos, onde chegaram em 25 de Julho de 1824. A seguir foram chegando outras levas e foi tentada a criação das colônias de Três Forquilhas e São Pedro de Alcântara das Torres, com pouco sucesso. 
Os primeiros colonos vieram de Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo e Hanôver. Depois, passaram a predominar os oriundos de Hunsrück e do Palatinado. Além desses, vieram da Pomerânia, Vestfália e de Württemberg. Entre 1824 e 1830 entraram no Rio Grande do Sul 5350 alemães. Por problemas políticos e depois por causa da Revolução Farroupilha a imigração ficou interrompida entre 1830 e 1844. Reiniciada a imigração, entre 1844 e 1850 chegaram mais dez mil imigrantes, e entre 1860 e 1889 outros dez mil. Entre 1890 e 1914 chegaram mais 17 mil alemães. Os alemães inicialmente ocuparam o vale do Rio do Sinos, durante a Revolução Farroupilha alguns se deslocaram para Santa Maria, buscando se afastar dos combates. Depois de terminada a Revolução, os colonos se espalharam fundando colônias nos vales dos rios Taquari, Pardo e Pardinho, fundando Santa Cruz do Sul, a Colônia Santo Ângelo e a Colônia de Santa Maria do Mundo Novo. Às margens da Lagoa dos Patos fundaram São Lourenço do Sul.  Com a Proclamação da República no Brasil, as terras devolutas passaram para os estados, assim como a responsabilidade pela colonização. No Rio Grande do Sul, o governo positivista defendeu a imigração espontânea e a colonização particular. Rapidamente, o planalto gaúcho foi transformada em zona colonial, com a instalação das colônias novas de iniciativa pública e privada, atraídas pelas possibilidades de exploração do comércio de terras e pela obtenção de lucros fáceis.
A fronteira da colonização, no início do século XX chegou ao noroeste do estado, criando Ijuí, Santa Rosa, entre outras, para logo depois atravessar o Rio Uruguai e migrar para o oeste de Santa Catarina e Paraná, além de colônias no norte da Argentina e no Paraguai. Passada a Segunda Guerra Mundial a quantidade de imigrantes diminuiu muito, até se extinguir. A última colônia formada foi de um grupo de famílias menonitas que tendo emigrado para Santa Catarina na década de 1930, migraram para o Rio Grande do Sul, fixando-se ao sul de Bagé entre 1949 e 1951.
Apesar das mais distintas origens e dialetos variados, prevaleceu o dialeto chamado de Hunsrückisch Platt ou formalmente Riograndenser Hunsrückisch, um falar germânico baseado primariamente no dialeto Hunsrückisch originado de seu berço europeu, a região do Hunsrück (que poderia ser traduzido como Hunsrique, em português), no estado de Rheinland-Pfalz (traduzido, entre outras formas, como Palatinado-Renâno, em português). Dialetos de regiões vizinhas ao Hunsrique, como a Baviera e a Suábia também influenciaram o alemão comum sul-brasileiro.
É importante frisar que ao se discutir os aspectos históricos da colonização alemã no Rio Grande do Sul não é necessário deduzir-se automaticamente que a língua alemã desapareceu do estado com o passar das décadas, seu início oficial tendo sido o ano de 1824. Especialmente após o período decretado como o Nacionalismo por Getúlio Vargas que proibia o uso de idiomas minoritários, mesmo em ambiente familiar. Conseqüentemente, sofreram os/as falantes de dialetos do alemão, inclusive a língua minoritária iídiche, uma língua indo-européia essencialmente germânica e pertencente ao grupo lingüístico Alto-Alemão, falada principal- e tradicionalmente, por judeus da Europa central e da Europa Oriental, mas também no Brasil, inclusive em Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul, e mesmo pela celebradíssima escritora brasileira Clarice Lispector. Outros idiomas que foram muito perseguidos durante a era da nacionalização foram o italiano e o japonês. Tudo isso ocorreu sempre sob ameaças, coerções, encarceramentos e mesmo torturas.
Uma outra forma específica do idioma alemão que tem um histórico relacionado ao Rio Grande do Sul e a outras partes do Brasil é o chamado Pomerano, em português. Esta língua, que também é chamada de Pommersch, Pommeranisch é uma língua natural das regiões nórdicas e geograficamente baixas da Alemanha e porções de países vizinhos. Daí o nome Baixo-Alemão ou Baixo-Saxão, Plattdeutsch em alemão ou mesmo Plattdüütsch, um termo formal que engloba as várias formas desse idioma nórdico. Até mesmo este projeto, a Wikipédia, está sendo produzido em Plattdüütsch, prova de que este idioma está vivo e passando por um ressurgimento. No Brasil o idioma pomerano veio a fazer parte das mais diversas comunidades regionais como Pencas, localizada no estado do Espírito Santo), do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em 1814 o governo português concedeu a Antônio Borges de Almeida Leães uma sesmaria localizada na costa do rio dos Sinos. Em 1845, Tristão José Monteiro e seu sócio Jorge Eggers adquiriram a sesmaria, então denominada Fazenda Mundo Novo, pertencente a Libânia Inocência Correa de Leães, viúva de Antônio Borges de Almeida Leães. Esta fazenda compreendia os atuais territórios de Igrejinha, de Taquara e de Três Coroas. Em 4 de setembro de 1846, Jorge Eggers vendeu sua parte para Tristão Monteiro. Este criou a Colônia de Santa Maria do Mundo Novo.
A partir de 1846, muitos colonos alemães, vindos de São Leopoldo e diretamente da Alemanha, fixaram-se nessa Colônia e, aos poucos se espalharam pelas margens do rio Santa Maria (hoje Rio Paranhana), rumo ao norte. Grandes partes de terra dessa Colônia foram vendidas a baixo preço aos novos colonizadores, os quais encontraram muitas dificuldades quanto ao cultivo do solo. Eram comuns os conflitos com bugres. A região era montanhosa e não havia estradas, sendo o rio o único meio de escoamento dos produtos colhidos na região, os quais eram transportados em pequenos barcos até Sapiranga, onde eram distribuídos.
A Colônia dividia-se em três seções: Baixa Santa Maria – hoje Taquara, Média Santa Maria – hoje Igrejinha e Alta Santa Maria – hoje Três Coroas. Devido às rivalidades existentes entre os colonos alemães foram criadas novas denominações pejorativas a estes locais: a seção do sul chamaram em seu dialeto de Mau Canto (em alemão: Schlechtes Viertel), a do meio, de Ruela dos Judeus (em alemão: Judengasse) e a mais ao norte de Terra Relaxada (em alemão: Lappland). Foi na Média Santa Maria, que Tristão Monteiro construiu uma grande casa de alvenaria em estilo Português, a chamada "Casa de Pedra". Esta casa foi construída para instalar a capatazia e o armazém de abastecimento dos primeiros colonos e do pessoal que procedia a medição das terras do vale. O primeiro censo da região foi realizado por Daniel Hillembrand em 1848. Segundo este levantamento a região contava com 400 habitantes. Em 1854 Tristão Monteiro realizou o segundo censo e constatou que a população havia dobrado, e em 1864 este número aumentou para 1427 moradores.

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