quinta-feira, 17 de março de 2011

Dengue ameaça mais no inverno

O verão chega para agravar o pesadelo da dengue. As mortes pela doença aumentaram na estação passada e vem preocupando as autoridades, pois os casos aumentam no verão. Nos últimos dez anos, 2010 foi o ano com maior incidência da dengue.
O aumento de casos em 2010 pode estar relacionado ao retorno da circulação do vírus tipo 1, que esteve presente com maior intensidade na década de 90 e voltou a predominar em alguns estados no final do ano passado. A piora do quadro da doença, em 2010, é resultado também do aumento da temperatura e das chuvas. Outros fatores são o acúmulo de lixo e irregularidade na distribuição de água em muitos municípios.
No Brasil, circulam os sorotipos 1, 2 e 3 do vírus. Os sintomas da doença são iguais para todos esses tipos, mas eles circulam de forma diferente ente os estados. O Ministério da Saúde alerta que quando um indivíduo contrai a doença por um dos sorotipos, fica imunizado apenas contra aquele tipo. Ou seja, posteriormente, a pessoa pode ser novamente infectada, desta vez por outro sorotipo. Além disso, quando o paciente contrai a doença mais de uma vez, aumenta o risco de desenvolver formas graves de dengue.
A piora do quadro da doença, em 2010, é resultado também do aumento da temperatura e das chuvas
O número de casos no país, neste ano, já ultrapassa a casa dos 700 mil - 120% a mais em comparação aos mesmos meses de 2009. A expectativa das autoridades é uma queda na quantidade de casos a partir de julho, quando termina o período sazonal da doença. Nos próximos dias, os municípios e estados devem intensificar as ações de combate à doença traçadas no ano passado, dentre elas, a aplicação de inseticidas e compra de remédios.
"O mais importante é prevenir a reprodução do mosquito transmissor, evitando manter objetos com água parada e, sobretudo, procurar um médico para avaliação clínica e laboratorial, assim que surgirem os primeiros sintomas, como febre alta e manchas avermelhadas pelo corpo", alerta o médico infectologista Marcelo Mendonça.
A dengue é uma doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Seus sintomas são febre aguda que se caracteriza por um início repentino, permanecendo por 5 a 7 dias. O doente apresenta dor de cabeça intensa, dores nas articulações e musculares, seguidas de erupções cutâneas 3 a 4 dias depois. Surge sob a forma de grandes epidemias, com grande número de casos.
Os perigos da segunda infecção
Quando você já foi contaminado pelo dengue uma vez, seu corpo produz anticorpos para aquele vírus específico, imunizando contra um novo ataque do mesmo micro-organismo. Mas, se ocorre um novo ataque por outro tipo de vírus, seu sistema imunológico dispara uma reação exagerada, aumentando muito a produção de anticorpos e de outras substâncias liberadas durante infecções, que lesam a parede dos vasos sanguíneos.
Além disso, como o vírus destrói as plaquetas, (elementos do sangue envolvidos na coagulação), as hemorragias não conseguem ser estancadas. Daí surge sangramentos em vários órgãos. A pressão arterial despenca, causando uma série de complicações -- inclusive a morte. Tudo isso em conseqüência da reação do seu sistema imune a um segundo ataque.
Na chamada dengue clássica os sintomas não vão além de febre alta, dor de cabeça, dor nas juntas, nos músculos e atrás dos olhos, fraqueza e falta de apetite, inconvenientes que desaparecem em cerca de dez dias de repouso.
Já quando a variação hemorrágica dá as caras, a situação complica. Apesar de começar com os mesmo sintomas, ela se agrava com o passar dos dias: a febre baixa e, enquanto isso há queda de pressão, que pode estar acompanhada de dores abaixo das costelas, suores frios, tonturas, desmaios, e a pele passa a aparentar uma textura pegajosa. Sem o controle adequado, pode haver sérias hemorragias internas, levando o paciente à morte.
Para combater esse quando mais grave os médicos nem pensam duas vezes em lançar mão de todo um arsenal de recursos, incluindo terapias contra insuficiência circulatória, como a reposição de plasma. Nas duas variações da doença, devem-se evitar remédios à base de ácido acetilsalicílico (como a aspirina), pois podem provocar ainda mais sangramentos. Os antiinflamatórios não-esteroides também devem ser evitados por conta de suas propriedades anticoagulantes.

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