sábado, 18 de dezembro de 2010

Movimento República Riograndense

Muitas perguntas sobre os motivos da Revolução Farroupilha, motivos já bem definidos e evidentes, tempos em que o Rio Grande do Sul vivia com imensas dificuldades, isolados do Império, os estancieiros com larga experiência militar, devido aos constantes conflitos nas fronteiras rio-grandenses, e poder econômico suficiente para não aceitar a submissão.
Aliás, não foi um movimento popular, mas teve o apoio popular daqueles rio-grandenses que lutavam por um Rio Grande melhor, mas nenhum motivo tem respostas na visão do maior caudilho da História Rio-grandense, não Bento Gonçalves, o mais importante dos rio-grandenses, outro grande caudilho, mas sim Antônio de Souza Netto, o General Netto, a verdadeira figura do caudilho na Revolução de 35.
Netto, republicano, proclamou a República e ao final da Revolução foi para o exílio para não “tirar o chapéu a monarcas” e por não concordar com a paz com os imperialistas.
É um grande personagem da nossa História, senão o maior; era o melhor cavaleiro do Rio Grande; era um cavalheiro; tinha integridade; era um homem que não se dobrava; seus ideais o fizeram proclamar a República e depois, com o fim da Revolução, não ficar na sua terra por qual ele lutou e defendeu para não ficar vivendo sob um imperador, morreu lutando não pelo Império, mas pelo Rio Grande, ao qual ele dedicou sua vida e mesmo magoado, retornou para defender a honra ultrajada pelos paraguaios até o último dia de sua gloriosa vida.O Movimento República Rio-Grandense (MRRG) defende a separação do Rio Grande pelos ideais republicanos de Netto e de todos os heróis farroupilhas que lutaram por um Rio Grande melhor.
Os farroupilhas não eram separatistas, é verdade, mas, devido a injustiça e a depreciação feita à causa da luta, os ideais republicanos de muitos combatentes e, principalmente, aos ideais do Gen. Netto, não houve alternativa, pois o próprio Netto achava que a Revolução era um caminho sem volta.

Um caminho apenas pela separação, ideais que Netto lutou até o último dia da Revolução, quando a paz foi necessária após 10 longos anos de luta, onde o exército imperial tinha em nosso Estado 11 mil soldados, dois terços do efetivo nacional, contra um pouco mais de mil combatentes sem munições, armas e praticamente derrotados, sendo que desse efetivo farroupilha, 300 homens eram de Netto, que assim mesmo, sabendo das dificuldades e que a paz não tinha mais volta, tentou prosseguir com a luta pela defesa da soberania do seu Rio Grande. Não conseguiu, mas lutou pelos seus ideais.
Um grito pela República, na Batalha do Seival, 9 de setembro de 1936, os farroupilhas obtêm uma de suas maiores vitórias, diante do entusiasmo, dois dias depois, Netto proclama a República Rio-Grandense, sob a influência de dois outros ferrenhos republicanos, Lucas de Oliveira e Joaquim Pedro Soares. Este último ficou conhecido como o “coronel Gavião”, responsável pelo lendário Corpo de Lanceiros Negros, cerca de 600 homens, que levavam terror aos inimigos do Império. Estava declarado o caráter revolucionário do movimento farroupilha, assim foi proclamada a novel República:
“Camaradas! Nós, que compomos a Primeira Brigada do exército liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos a independência dessa província, a qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o título de República Rio-Grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se fará oportunamente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Rio-Grandense! Viva a Independência! Viva o exército republicano rio-grandense!”
Sim, heróico general, orgulho dessa terra, tua proclamação estará sempre viva em nossos corações e quando, novamente, o Rio Grande der o novo grito de liberdade, tuas palavras serão lembradas e repetidas várias e várias vezes, pois lutamos por um Rio Grande livre e independente, os motivos históricos são nossos principais motivos, estes serão lembrados, pois a luta é nossa, sempre foi, é de quem quiser nos ajudar...
A visão do rio-grandense é universal, no Paraná até hoje se sente falta da identidade, Santa Catarina busca uma identidade, outros Estados do Brasil também buscam por uma identidade própria.
O homem rio-grandense tem uma identidade, uma cultura forte, quase incomparável com o resto da História do Brasil. Buscar esses nossas raízes em nossos ideais e em nosso presente e futuro é um ato de visão universal e não de visão provinciana, afinal, todas as culturas vão buscar nas fontes históricas material para refletir sobre o passado, o presente, o futuro e sobre o que somos.
Houve muitos fatos e heróis a serem aqui relatados na epopéia rio-grandense, mas não é esse o objetivo desse texto, mas sim ressaltar os momentos principais do Gen. Netto e de sua importância na maior revolta civil da América Latina: um país com hino, bandeira e brasão durante 9 anos a parte do Império; um país que até hoje tem em seu brasão o nome dado pelos republicanos, liderados por Netto, o general que não aceitou a paz. Ele foi um dos quatro comandantes que estiveram presentes para assinarem o acordo de paz, mas foi o único que votou pela continuação da guerra.
Depois, a frente de um pequeno exército, seus comandados, 300 homens, a maioria negros, pois Netto honrou sua palavra de liberdade aos escravos que lutaram pela República, atravessou a fronteira e foi viver no Uruguai, contra sua vontade, mas seus ideais haviam sido contrariados pelos seus companheiros, saiu magoado, mas nunca deixou o seu Rio Grande de lado.
Era homem de cavalaria, senhor da espada, muito alto e apessoado, muito reservado, sério e reflexivo, lutava pelos seus ideais, sempre lutou, era síntese do tipo rio-grandense, bravura, honra, generosidade, um passado guerreiro e livre.
Quem mais rio-grandense do que Antônio de Souza Netto?
Nem Bento Gonçalves, monarquista, o generalíssimo, guerreiro gentil, possuía o liberalismo, bravura e fascinante prestígio do que Netto, esse sim chefe espontâneo, general de nascença, representativo dum povo e expoente de uma época. Os riograndenses seguem Bento, segue Netto porque eles são as únicas energias de comando que reconhecem e acatam, dois caudilhos de igual importância na Revolução.
Netto era um verdadeiro herói, sempre esteve na frente de suas Brigadas Ligeiras liderando os ataques. Era o primeiro a combater com o inimigo; sempre demonstrou a coragem e bravura rio-grandense, mesmo depois do auto exílio; nunca deu as costas para o seu Rio Grande.
Quando em 1851, o ditador argentino Juan Rosas ameaçava invadir o Uruguai e o Rio Grande, retornou a Bagé, sua terra natal, para recrutar homens para formar a sua Brigada de Voluntários Riograndense e engajar na guerra que não houve e, quando o Coronel Estigarribia e sua coluna, a mando do ditador Solano Lopes, invadiram o Rio Grande em 1865, vinte anos após o começo da Revolução, aos 62 anos reuniu 1.500 rio-grandenses que viviam no Uruguai e no Rio Grande para formar, novamente, a Brigada Ligeira , a lendária Brigada Ligeira do General farroupilha Netto, que sempre vinha na vanguarda das tropas brasileiras e, na sua última batalha, no maior confronto militar já ocorrido na América do Sul, na Batalha do Tuiuti, envolvendo 21 mil homens das forças aliadas e 24 mil das forças paraguaias, foi novamente valoroso, conforme os relatos abaixo descritos:
“Começou desde logo uma debandada enorme do inimigo. Cavalarianos rio-grandenses (da Brigada Ligeira do General Netto) fizeram prodígios, cortando a espada e a lança e arrastando a laço o inimigo que já não ousava avançar e, antes, em fuga precipitada, fazia algum fogo, procurando abrigar-se na mata, no fundo do Potreiro Pires.”
“O General Osório, referindo-se à Batalha do Tuiuti, escreveu:
‘... essa coluna reuniu-se a 5ª Divisão, a Brigada Ligeira..., que todos bem se portaram.” (General Paulo de Queiroz Duarte, Os Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai)“Acodem vários corpos para conter os inimigos que emergem do mato e os que avançam pelos boqueirões...”“Os Oficiais da Brigada Ligeira...portaram-se perfeitamente bem... e prestaram-se a formar um esquadrão... para perseguir o inimigo...”(relato do General Tasso Fragoso, em seu minucioso livro sobre a Guerra do Paraguai)
Após os seus feitos nessa importante vitória, ferido mortalmente, Netto, veio a falecer dias depois, em julho de 1866, em Corrientes, Argentina.
Assim, termina a História de Antônio de Souza Netto, General Netto, o maior rio-grandense de todos os tempos, aquele que lutou sempre pelos seus ideais e pelo seu Rio Grande, morreu lutando contra aqueles que ultrajaram o Rio Grande, morreu republicano, morreu lutando em defesa do Rio Grande, o homem que deu o grito da proclamação e libertou o Rio Grande do Império, o homem que mantém vivo o fogo eterno na luta de separação do Rio Grande, tudo começou em 20 de setembro de 1835, tudo se oficializou em 11 de setembro de 1836, datas a serem lembradas pela eternidade e, aonde quer que esteja o heróico general, seus ideais continuam e assim vão continuar para todo o sempre por aqueles que lutam em defesa do Rio Grande, pois, nós, rio-grandenses, temos virtude para honrarmos nossos antepassados, assim relata a nossa História e assim será.






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