O Canal
do Panamá é um canal marítimo com 81 quilômetros de extensão, que corta o istmo
do Panamá, ligando assim o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico, no Panamá. O
canal é considerado como um ponto importante para o comércio internacional
devido a grande diminuição do percusso feito pelos navios (a rota alternativa
contorna o Cabo Horn). O canal começou a ser construído em 1880 e foi terminado
em 1914.
O canal
possui quatro grupos de eclusas no lado do Pacífico e um outro grupo no lado do
Atlântico. Neste último, as portas maciças de aço das eclusas triplas de Gatún
têm 140 metros de altura e pesam 745 toneladas cada uma, mas são tão bem
contrabalançadas que um motor de 56kW é suficiente para abri-las e reabri-las.
O lago Gatún, que fica a 26 metros acima do nível do mar, é alimentado pelo rio
Chagres, onde foi construída uma barragem para a formação do lago. Do lago
Gatún, o canal passa pela falha de Gaillard e desce em direção ao Pacífico,
primeiramente através de um conjunto de eclusas em Pedro Miguel, no lago
Miraflores, a 16,5 metros acima do nível do mar, e depois, através de um
conjunto duplo de eclusas em Miraflores. Todas as eclusas do canal são duplas,
de modo que os barcos possam passar nas duas direções. Os navios são dirigidos
ao interior das eclusas por pequenos aparelhos ferroviários. O lado do Pacífico
é 24 centímetros mais alto do que o lado do Atlântico, e tem marés muito mais
altas.
Foram
diversos os navegadores, ao longo da História, que procuraram uma passagem
entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. O português Fernão de Magalhães, a
serviço da Coroa Espanhola, descobriu, em 1520, um estreito que recebeu o seu
nome (estreito de Magalhães). A partir de então, a ligação entre os dois
oceanos tornava-se possível, através de uma viagem que era longa, demorada e
arriscada, levando a que se cogitasse à abertura de um canal que os unisse. A
primeira tentativa conhecida foi empreendida ainda sob o reinado de Carlos I de
Espanha, em 1523, mas como as seguintes, até ao século XIX, quando se cogitou
em transportar as embarcações por ferrovia através do istmo, não teve sucesso. Em
1878, o francês Ferdinand de Lesseps, construtor do canal de Suez, obteve uma
concessão do governo da Colômbia, a quem a região pertencia à época,
autorizando a sua companhia a iniciar as obras de abertura do canal. O
projeto de Lesseps constituía-se na abertura de um canal ao nível do mar.
Entretanto, na prática, os seus engenheiros nunca conseguiram uma solução
prática para o problema do curso do rio Chagres, que atravessava em diversos
pontos o traçado projetado para o canal. Além disso, a abertura deste ao nível
do mar, implicava na completa drenagem daquele rio, um desafio para a
engenharia da época.
As
obras iniciaram-se em 1880, com base na experiência de Suez. Entretanto, as
diferenças de tipo de terreno, relevo e clima constituíram-se em desafios
consideráveis. Chuvas torrenciais, enchentes, desmoronamentos e altíssimas
taxas de mortalidade de trabalhadores devido a doenças tropicais, nomeadamente
a malária e a febre amarela, causaram demoras imprevistas no projeto original.
Em 1885, o plano inicial de um canal ao nível do mar foi alterado, passando a
incluir uma comporta. Mas, após quatro anos de investimentos e trabalho, a
companhia veio a falir.
O
presidente estado-unidense Theodore Roosevelt estava convencido de que os
Estados Unidos podiam terminar o projeto, e reconheceu que o controle
estado-unidense da passagem do Atlântico ao Pacífico seria de uma importância
militar e econômica considerável. O Panamá fazia então parte da Colômbia, de modo
que Roosevelt começou as negociações com os colombianos para obter a permissão
necessária. No início de 1903, o Tratado Hay-Herran foi assinado pelos dois
países, mas o Senado colombiano não o ratificou. No que foi então, e ainda hoje
é, um movimento polêmico, Roosevelt deu a entender aos rebeldes panamenhos que,
se eles se revoltassem contra a Colômbia, a marinha estado-unidense apoiaria a
causa de independência panamenha. O Panamá acabou por proclamar sua
independência em 3 de Novembro de 1903, e a canhoneira U.S.S. Nashville, em
águas panamenhas, impediu toda e qualquer interferência colombiana.
Construção
das eclusas de Pedro Miguel, no início da década de 1910, mostrando as paredes
centrais (vistas ao norte). O primeiro engenheiro-chefe do projeto foi John
Findlay Wallace. Prejudicado pelas doenças e pela escassa organização, sem
condições de trabalho, acabou por se demitir após um ano.
O
segundo engenheiro-chefe, John Stevens, optou pela construção de um canal com
eclusas, propondo-se a controlar o curso do rio Chagres por meio de um aterro
de grandes dimensões, formando uma barragem em Gatún. O lago artificial assim
formado não apenas forneceria a água e a energia elétrica necessários à
operação das eclusas, como também constituiria uma via líquida, que cobriria um
terço da distância no istmo. Stevens conseguiu construir a maior parte da
infraestrutura necessária para as obras, incluindo a construção de casas para
os trabalhadores, a reconstrução da ferrovia do Panamá destinada ao transporte
de carga pesada e o projeto de um método eficiente de remoção de entulho
decorrente do desmonte de rochas pela ferrovia. Viria a demitir-se, por sua
vez, em 1907.
Após
dez anos de trabalho e da escavação de um volume de material quase quatro vezes
maior do que o inicialmente projetado, o canal foi finalmente concluído a 10 de
Outubro de 1913, com a presença do presidente estadunidense Woodrow Wilson, que
naquela data apertou o botão para a explosão do dique de Gamboa. Diversos
trabalhadores das Índias Ocidentais trabalharam no canal, e a sua mortalidade
oficial elevou-se a 5.609 mortos.
Está em
curso um projeto de ampliação do canal do Panamá, com a construção de uma nova
hidrovia, que permitirá a passagem de navios muito maiores que os atuais, serão
chamados: post-panamax. Segundo o projeto o Novo Canal do Panamá será
inaugurado durante as festividades dos 100 anos do primeiro canal.
O plano
de expansão consiste em criar um novo conjunto de comportas paralelo às
existentes, para ser operado simultaneamente junto às comportas atuais. Cada
conjunto ascenderá do nível do mar até o Lago Gatún em apenas uma passagem, em
oposição à situação atual, onde há uma passagem em duas etapas,
Miraflores/Pedro Miguel.
As
dimensões das novas comportas serão da ordem de 427 metros de comprimento, 55
de largura e 18,3 de profundidade; a correspondente capacidade para navios será
366 metros de comprimento, 49 de largura e 15 de profundidade. Tais dimensões
equivalem a um navio de containers de 12.000 TEU (twenty-foot equivalent -
containers de 6,1 metros de comprimento).
Cada
conjunto de comportas será acompanhado por bacias de reutilização de água, de
dimensões 430 m de comprimento, 70 de largura e 5,5 de profundidade. Tal arranjo
permite coletar gravitacionalmente a água utilizada no tráfego pelas comportas,
num reaproveitamento de 60%.
As
novas comportas estão projetadas para entrar em funcionamento em 2015,
aniversário de centenário das comportas atuais.
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