sábado, 30 de abril de 2011

Pedra de 30 toneladas se apoia em base de 50 centímetros

Formação rochosa, conhecida como Pedra do Segredo, fica no Parque Nacional dos Aparados da Serra (RS). Do nível do mar a mais de mil metros, para alguns dos pontos mais altos do Brasil. É como se uma imensa faca tivesse aparado cada pedaço de rocha das montanhas gigantes. Por isso, o nome do lugar: Aparados da Serra. São campos cortados por rios de água cristalina, cheio de piscinas naturais. Mas não são águas tranquilas: basta caminhar um pouco para chegar ao ponto onde elas desabam centenas de metros.
Em cima fica o Rio Grande do Sul e em baixo Santa Catarina. Uma divisa desenhada pelo contorno de alguns dos maiores cânions do Brasil. Tão alto que as cachoeiras terminam em névoa. É quase impossível ver onde as andorinhas fizeram o ninho. E que predador chegaria até o local? Uma paisagem surpreendente, onde a beleza nasceu de uma catástrofe.

Imagine um continente formado por quase todos os países. Assim era a Terra há milhões de anos. Terremotos quebraram esse supercontinente em várias partes. Lava a mais de 1.000ºC jorrava de dentro da Terra, formando camadas de rocha.
"As rochas foram camadas horizontais, intercaladas com níveis de vegetação, que são os limites entre dois derrames de lava. Então temos uma pilha de derrames de lava como em uma torta” diz Heinrich Frank, geólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O professor da UFRGS explica: a mudança destruiu a vida em toda a região. "Uma rachadura na terra, fumegando durante 50, 60 anos, largando gases tóxicos na atmosfera o tempo todo, polui tanto a atmosfera que é possível que haja uma extinção em massa. É mais ou menos um efeito estufa em grande escala e muito rápido".
Milhões de anos se passaram antes que a vida voltasse. As pedras vulcânicas se curvaram à força da água. Foi ela que desgastou a rocha até criar os cânions. E outras esculturas naturais bem curiosas.
Com autorização especial do Instituto Chico Mendes, a equipe do Globo Repórter conheceu uma delas: a Pedra do Segredo.
Para chegar até lá, o acesso é difícil. O segredo da pedra, de 30 toneladas, é se manter sobre uma pequena base de 50 centímetros. Equilíbrio de dar inveja a qualquer bailarina! Qual será a explicação?
"A pedra foi descascando. Casualmente, ficou de pé. Com certeza, um dia vai cair. Pode ser daqui a mil ou dois mil anos, ninguém sabe. Mas um dia ela vai descer o barranco", afirma o geólogo.
O interior do Cânion Itaimbezinho, um dos maiores da América do Sul, é uma paisagem única. Para chegar até o alto, onde ficam os mirantes, são cinco quilômetros pelo leito do Rio do Boi. A orientação de um condutor experiente é fundamental. As armadilhas podem estar até nas folhas de uma árvore.
Quando a pessoa encosta-se a uma taturana, o primeiro sintoma é queimar. Depois de 24 horas, a pessoa tem febre, começa a ter suor e calafrios. A partir daí, causa problemas nos rins. Se por acaso, algum um aventureiro encostar-se a ela, a trilha termina porque a prioridade se torna levar a vítima até o hospital.Outra ameaça constante são os temporais, que podem isolar os aventureiros no precipício. Caminhar nas pedras não é fácil! Exige força e coordenação.

Tem lugares só dá para passar de mão dada, senão a correnteza leva. Algumas pedras escorregam. É difícil, mas vale a pena.
A recompensa são banhos em piscinas transparentes, com direito a tobogã. Depois de cinco horas de caminhada, os paredões se fecham ao nosso redor. O interior do cânion fica a mais de 700 metros de altura.



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